Aviso já que este post vai ser enorme. É um post de desabafo.
É impressionante como as pessoas estão completamente metidas na sua própria vida para repararem no que os rodeia. Eu estou a passar por um periodo dificil, como vocês já devem ter percebido. O turbilhão, a confusão e a angústia que sinto é muito maior do que aquilo que eu extravaso, mesmo aqui no blog, que é o sitio onde eu falo mais sobre este assunto. Também por haver aquela falta de reciprocidade que eu já falei e por também ter um bocado de falta de vontade e de paciência. Mas este periodo da minha vida é mesmo de grandes mudanças e por estar a ser tão complicado para mim seguir o que quero para a minha vida e por haver tantas incertezas, é muito angústiante. Porque eu não gosto nem um pouco de coisas mal resolvidas, de esperar para ver. Quanto mais eu conseguir saber e decidir já, mais segura e confiante me vou sentir para seguir o caminho que tiver que seguir.
Os que já passaram por isto ou aqueles que não estão a passar ou não passaram por um processo tão complicado devem estar a pensar que estou a fazer uma tempestade num copo de água. Mas de facto, não estou. Há que compreender que esta é a minha vida e o que está em jogo é o meu futuro, é o conseguir ou não alcançar o que quero fazer para o resto da vida, é o seguir um sonho. E se isso é posto em causa de uma forma tão brutal como está a ser, aliado às mudanças de 180º que se adivinham na minha vida, em todos os aspectos, é natural que tenha em mim um efeito muito significativo, de muita ansiedade e desespero por todo o compasso de espera em que estou agora.
O que eu preciso, neste momento, não é que toda a gente me diga que tudo se vai resolver, para eu ter calma, para deixar andar e para não pensar nisso. Aquilo que eu não preciso mesmo neste momento é que toda a gente minimize a situação, porque isso não a vai minimizar para mim e só me vai dar mais a sensação de desalento e de estar sozinha neste processo todo. O que eu preciso é que as pessoas tenham paciência para me ouvir, pelo menos isso. Porque o falar sobre o assunto também me ajuda a esclarecer as ideias, já que tudo isto é muito confuso. E preciso que os meus pais me ajudem, que mostrem intetesse. Preciso que me digam "Quando acabares os exames vamos a Badajoz!"e não que seja eu a andar atrás deles a dizer "Temos que ir a Badajoz um dia destes" e quando tento explicar como é a avaliação este ano em Espanha, ou quais as diferenças entre as duas principais academias em Badajoz, eles nem ouvem metade do que eu digo e dizem para não me preocupar com isso agora. É claro que me preocupo. É um assunto premete para mim, pois daqui as uns meses a minha vida pode mudar completamente e eu, tendo noção disso, quero saber já com o que posso contar! Mas ao menos eu sei que os meus pais dizem isso para ver se eu, por um bocado que seja, não penso nisso e deixo de sofrer por antecipação, embora isso não seja possivel. Eu preciso que em vez de fazerem de conta que não é com eles, ou que não é para já, preciso que sejam partes integrantes disto tudo, preciso que se preocupem quase tanto quanto eu, que tenham tanta preocupação em achar informação como eu (nem sequer ouvem a informação que já tenho), que queiram ir a Badajoz ou a Salamanca, às academias em causa, para verem como funcionam. Preciso que, por uma vez que seja, sejam eles a puxar o assunto e não eu, porque eu sinto-me cansada de falar e falar e falar e de ninguém parecer ouvir ou querer saber. Isto não é uma coisa para depois, é uma coisa que dentro de poucos meses vai mudar a minha vida. Eu não quero nem posso passar as minhas férias a pensar "e a seguir como vai ser? para onde vou estudar? para onde vou viver? com quem? como?". Eu quero resolver o mais possivel já, mas eu sozinha sinto que não consigo, que não tenho forças. Eu preciso sentir que há mais alguém que tem a mesma preocupação que eu em procurar informação, em querer saber como é que vai ser. Eu sei que agora preciso de acabar os exames nacionais e que não posso fazer muito mais, mas depois quero começar a resolver a minha vida. E não posso pensar nisso achando que toda a gente à minha volta faz de conta que não se passa nada. Eu não posso pensar em, a seguir a acabar o 12º, ir a Badajoz se ninguém cá em casa me ouve sequer, ou nem sequer pergunta se eu sei mais alguma coisa. E ir a Badajoz ver as academias com os meus próprios olhos e ver de casas é um passo muito importante para mim. Mas só eu é que quero saber.
Mas o que me faz mesmo muita, muita confusão é ver que pessoas que eu mal conheço, ou de quem eu não sou tão chegada, são as pessoas que têm mais interesse no que vai ser a minha vida. Durante a minha última consulta na minha médica, ela perguntou-me para onde ia para o ano e estivemos algum tempo a falar sobre todo o processo em Espanha e ela esteve sempre muito interessada e até me fez perguntas. Eu só a vi duas vezes durante toda a minha vida. Uma das minhas melhores amigas, ontem, no meio da conversa descobriu que eu ia para Espanha estudar várias disciplinas e não só espanhol, quando eu já tinha decidido isso há muito tempo. E quando eu lhe ia começar a explicar porque é que tinha que ser assim ela virou-me costas. Eu não entendo porque é que é assim, porque eu nunca tive só amigos. Os meus amigos, ou as minhas amigas neste caso sempre foram mais que isso, sempre foram as pessoas com que eu podia contar sempre e que sabiam tudo a respeito da minha vida. E agora, eu estou em completo desespero por causa disto tudo e elas nem sequer conseguem ouvir o que eu tenho para lhes dizer. Até a minha médica, que eu só vi duas vezes, se interessa mais que elas. Eu sinto que há pessoas que se interessam mesmo por me ouvir, só nunca achei que fossem pessoas que eu mal conheço ou com quem eu nem me dou muito.
Eu sempre soube que ia enfrentar muitas dificuldades, sempre tive plena noção disso, mas nunca achei que esta fosse uma delas e continuo sem perceber porque é que isto acontece. A verdade é que me sinto completamente sozinha, a arcar sozinhas com os meus próprios problemas sem ter ninguém com quem os discutir, porque cada vez que tento as pessoas não me ouvem e eu sinto-me muito frustrada. Só espero que isto acabe rápido porque estou farta de me sentir assim!